Nem sempre fui assim tão dependente. Dizem que alguns
vícios são até bons, mas as pessoas andam se drogando demais com esse tipo de
coisa. Definitivamente, não estou falando de drogas sintéticas ou naturais.
Esse é outro mal do século para discutir em outra hora. Eu quero dizer, essa
tal de internet. Logicamente ela é um benefício tremendo para toda a
humanidade, mas costumo me lembrar de quando não tínhamos acesso à ela. A vida
não era vazia e na maioria das vezes não sentíamos falta de nada, era
“completa”. Claro que tínhamos certos
problemas, mas eram problemas diferentes dos atuais. Lembro do meu primeiro
computador, “aquele branco”, e sentia um orgulho tremendo de ter aquela corroça
movida quase que à carvão. A internet era lentíssima e somente podíamos usá-la
aos sábados depois das duas da tarde e aos domingos, e com a supervisão dos
pais, claro. Hoje em dia, uma criança de 8 anos que não tenha celular é quase
que excluída dos círculos sociais dela, e isso nenhum pai ou mãe quer que
aconteça e é por isso que eles miman a criança com a tecnologia. E muitas vezes
esses celulares são melhores que o meu que nem sei usar todas as funções do
bicho. Pasmem. Claro que existem pais que não concordam com isso, um exemplo
são meus velhos (não tão velhos assim, amo vocês). Minhas irmãs menores não tem
celular, e nem por isso estão doentes. Sempre digo à elas que vivi 15 anos de
minha vida sem ter um e ainda continuo viva. Elas torcem o nariz pra mim, mas
fazer o que? Não acho saudável para uma criança ter acesso a toda essa rede à
qualquer hora, à qualquer tempo. A internet está cheia de pessoas maliciosas. É
óbvio que minhas pequenas tem certo acesso, mas tudo bem supervisionado. Não sei se estou certa em pensar dessa maneira, mas acredito que algumas pessoas irão concordar com esse meu ponto de vista. E só
mais um apêndice, elas sabem mexer em muita coisa melhor do que eu. Eis um dos grandes mistérios da humanidade. Como crianças que mal sabem ler e escrever têm tanta facilidade em usar certo programas e aplicativos tão complexos?
Essa semana me disseram algo sobre as pessoas estarem
se tornando idiotas por causa da internet e logo após isso fui assistir um
episódio de certa série que dizia praticamente a mesma coisa: que as pessoas
estavam se tornando burras. “LOL”, “TMJ”, “PDC”, “Se pá” e tantas outras
variações. As pessoas estão incorporando o vacabulário da internet nas suas
vidas. Qualquer coisa é motivo para um snapchat. Um jantar normal com um vinho,
já é motivo de uma foto pro instagram e para todas as outras redes sociais
existem às quais participo de todas. Refletindo sobre isso, me veio aquela
velha frase clichê “Internet, juntando quem está longe e afastando que está
perto”, que é a mais pura verdade. Acredito que essa necessidade de
compartilhar as coisas com todo mundo nada mais é que a falta de ter alguém por
perto. E isso é meio que idiota, mas totalmente necessário. Sou louca pela
internet, e estou nesse grupo de pessoas idiotas. Sinto saudades da época que
isso não existia, mas não sei como viveria sem. Se não fosse por essa internet,
eu não estaria aqui e não existiria isso aqui.
Sabe do que sinto falta às vezes? Do tic-tic da
máquina de escrever, de quando passava horas e mais horas escrevendo qualquer
coisa na máquina enquanto meu pai trabalhava. Sim, sou dessa época e não sou nenhum
dinossauro. Quando comecei a ter gosto pela leitura, escrita e estudos ganhei
uma gramática e um dicionário que me acompanhavam pra todo lado. E eu era
chata, uma criança insuportável com relação à isso. Qualquer erro de português,
ou qualquer coisa que me deixasse em dúvida na questão gramatical eu recorria
aos meus livrinhos sagrados e contestava com quem quer que fosse. Nunca fui
muito de perguntar para ter as respostas já prontas, sempre gostei desse lance
de ter que pesquisar e decobrir por si só. Certa vez, quando era bem novinha,
fazendo minha tarefa de casa, perguntei ao meu pai o que significava a palavra
Ilustre, ele com toda calma e paciência do mundo começou a me explicar que uma
pessoa ilustre era uma pessoa que se destacava por suas qualidades, um celébre.
E eu batia o pé que não era aquilo, que não e não. E o Senhor da paciência, foi
perdendo a paciência comigo, até que me pediu o dever de casa para ver do que
se tratava e enquanto eu derramava lágrimas de raiva ele me explicou que
ilustre era pra desenhar o que eu imaginava sobre o texto que havia na tarefa.
Foi aí que aprendi que às pessoas tem que andar com as próprias pernas. À
partir de então sempre que tinha alguma dúvida eu pesquisava antes de perguntar
para alguém.
Mas, retomando o assunto, pouco me importa se sou idiota. Estar conectada, pra
mim, é quase um caminho sem volta. E, preste atenção, nem sou aquele tipo de
pessoa totalmente viciada nessa tecnologia. O que nos resta é aproveitar o que
essa geração internet tem de bom a nos proporcionar. E isso é uma infinidade de
coisas! Será que é tão ruim assim?
Boa leitura!