terça-feira, abril 29, 2014


Pouco me importa se sou idiota


Nem sempre fui assim tão dependente. Dizem que alguns vícios são até bons, mas as pessoas andam se drogando demais com esse tipo de coisa. Definitivamente, não estou falando de drogas sintéticas ou naturais. Esse é outro mal do século para discutir em outra hora. Eu quero dizer, essa tal de internet. Logicamente ela é um benefício tremendo para toda a humanidade, mas costumo me lembrar de quando não tínhamos acesso à ela. A vida não era vazia e na maioria das vezes não sentíamos falta de nada, era “completa”.  Claro que tínhamos certos problemas, mas eram problemas diferentes dos atuais. Lembro do meu primeiro computador, “aquele branco”, e sentia um orgulho tremendo de ter aquela corroça movida quase que à carvão. A internet era lentíssima e somente podíamos usá-la aos sábados depois das duas da tarde e aos domingos, e com a supervisão dos pais, claro. Hoje em dia, uma criança de 8 anos que não tenha celular é quase que excluída dos círculos sociais dela, e isso nenhum pai ou mãe quer que aconteça e é por isso que eles miman a criança com a tecnologia. E muitas vezes esses celulares são melhores que o meu que nem sei usar todas as funções do bicho. Pasmem. Claro que existem pais que não concordam com isso, um exemplo são meus velhos (não tão velhos assim, amo vocês). Minhas irmãs menores não tem celular, e nem por isso estão doentes. Sempre digo à elas que vivi 15 anos de minha vida sem ter um e ainda continuo viva. Elas torcem o nariz pra mim, mas fazer o que? Não acho saudável para uma criança ter acesso a toda essa rede à qualquer hora, à qualquer tempo. A internet está cheia de pessoas maliciosas. É óbvio que minhas pequenas tem certo acesso, mas tudo bem supervisionado.  Não sei se estou certa em pensar dessa maneira, mas acredito que algumas pessoas irão concordar com esse meu ponto de vista. E só mais um apêndice, elas sabem mexer em muita coisa melhor do que eu. Eis um dos grandes mistérios da humanidade. Como crianças que mal sabem ler e escrever têm tanta facilidade em usar certo programas e aplicativos tão complexos?

Essa semana me disseram algo sobre as pessoas estarem se tornando idiotas por causa da internet e logo após isso fui assistir um episódio de certa série que dizia praticamente a mesma coisa: que as pessoas estavam se tornando burras. “LOL”, “TMJ”, “PDC”, “Se pá” e tantas outras variações. As pessoas estão incorporando o vacabulário da internet nas suas vidas. Qualquer coisa é motivo para um snapchat. Um jantar normal com um vinho, já é motivo de uma foto pro instagram e para todas as outras redes sociais existem às quais participo de todas. Refletindo sobre isso, me veio aquela velha frase clichê “Internet, juntando quem está longe e afastando que está perto”, que é a mais pura verdade. Acredito que essa necessidade de compartilhar as coisas com todo mundo nada mais é que a falta de ter alguém por perto. E isso é meio que idiota, mas totalmente necessário. Sou louca pela internet, e estou nesse grupo de pessoas idiotas. Sinto saudades da época que isso não existia, mas não sei como viveria sem. Se não fosse por essa internet, eu não estaria aqui e não existiria isso aqui.

Sabe do que sinto falta às vezes? Do tic-tic da máquina de escrever, de quando passava horas e mais horas escrevendo qualquer coisa na máquina enquanto meu pai trabalhava. Sim, sou dessa época e não sou nenhum dinossauro. Quando comecei a ter gosto pela leitura, escrita e estudos ganhei uma gramática e um dicionário que me acompanhavam pra todo lado. E eu era chata, uma criança insuportável com relação à isso. Qualquer erro de português, ou qualquer coisa que me deixasse em dúvida na questão gramatical eu recorria aos meus livrinhos sagrados e contestava com quem quer que fosse. Nunca fui muito de perguntar para ter as respostas já prontas, sempre gostei desse lance de ter que pesquisar e decobrir por si só. Certa vez, quando era bem novinha, fazendo minha tarefa de casa, perguntei ao meu pai o que significava a palavra Ilustre, ele com toda calma e paciência do mundo começou a me explicar que uma pessoa ilustre era uma pessoa que se destacava por suas qualidades, um celébre. E eu batia o pé que não era aquilo, que não e não. E o Senhor da paciência, foi perdendo a paciência comigo, até que me pediu o dever de casa para ver do que se tratava e enquanto eu derramava lágrimas de raiva ele me explicou que ilustre era pra desenhar o que eu imaginava sobre o texto que havia na tarefa. Foi aí que aprendi que às pessoas tem que andar com as próprias pernas. À partir de então sempre que tinha alguma dúvida eu pesquisava antes de perguntar para alguém.

Mas, retomando o assunto, pouco me importa se sou idiota. Estar conectada, pra mim, é quase um caminho sem volta. E, preste atenção, nem sou aquele tipo de pessoa totalmente viciada nessa tecnologia. O que nos resta é aproveitar o que essa geração internet tem de bom a nos proporcionar. E isso é uma infinidade de coisas! Será que é tão ruim assim?


Boa leitura!
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